6 filmes que não deviam estar fora da corrida aos Óscares

Se não concordou com os nomeados ao Óscar de Melhor Filme, saiba que há outras boas outras produções para ver. Deixamos aqui seis filmes que deviam ter tido mais atenção e lembre-se: muitos dos melhores filmes do mundo não são nomeados ao Óscar.

Alguns filmes nomeados não foram considerados para Melhor Filme – embora esses sejam obrigatórios e pode recordá-los aqui –, mas não estão completamente fora da corrida e não devem ser subestimados.

Por exemplo, “Capitão Fantástico”, sob a chancela do ator e realizador Matt Ross (“28 Hotel Rooms”), é intenso, o argumento é sólido e tem qualidade técnica, mas não foi apontado como um dos possíveis a Melhor Filme nos Óscares. No entanto, Viggo Mortensen é um dos grandes nomeados na lista de Melhor Ator, também considerado nos Globos de Ouro na mesma categoria, apesar de não ter recebido a estatueta. A obra foi apresentada no Festival de Cinema de Cannes, onde Ross conquistou o prémio de realização na categoria “Un Certain Regard”. Mortensen recebeu ainda um Satellite Award de Melhor Ator em Cinema e foi reconhecido no festival Sundance do ano passado. O filme venceu o Prémio do Público da 11ª Festa do Cinema de Roma.

Já “Animais Noturnos”, cujo argumento apresenta história dentro da história, apenas surge na lista de Óscares, porque Michael Shannon recebeu a nomeação para Melhor Ator Secundário. No entanto, o filme do estilista e realizador Tom Ford foi reconhecido no Festival de Veneza, onde recebeu o prémio Especial do Júri e Aaron Johnson (o anti-herói da história) foi reconhecido como Melhor Ator Secundário nos Globos de Ouro.

Conheça aqui alguns dos filmes, que embora se encontrem abaixo do radar de discussão da estatueta mais cobiçada do cinema, foram reconhecidos e premiados em festivais:

“Animais Noturnos”, de Tom Ford

O filme de Tom Ford não é de menosprezar. Aliás, o estilista norte-americano é um esteta por excelência e esse toque ressalta no filme de forma sofisticada. “Animais Noturnos” é uma adaptação do romance “Tony & Susan” de Austin Wright, marca o regresso de Ford (“Um Homem Singular”) à realização de cinema.

A narrativa é centrada à volta de uma negociadora de arte de Los Angeles, uma mulher que tem uma vida privilegiada, mas vazia. O seu marido viaja com frequência e, durante uma das suas ausências, recebe o manuscrito do seu ex-marido e escritor, Edward Sheffield, com quem não fala há anos. A partir daí, surge outra história dentro da história. Susan começa a ler o violento romance que é dedicado a ela. O livro surge como uma espécie de conto de vingança, que a obriga a repensar as escolhas, a forma como o abandonou e a história dirige-se para um ajuste de contas que irá definir tanto o herói do romance, como ela.

Capitão Fantástico, de Matt Ross
Este capitão Fantástico é, portanto, Viggo Mortensen, um pai que vive na floresta isolado com os seus seis filhos. As crianças são ingénuas no essencial, já que nunca contactaram com o mundo real, mas educadas com rigor – têm todas as referências históricas, falam várias línguas e desempenham um cérebro matemático. As rotinas passam por treinos físicos, escaldas, leituras clássicas, rodas de música e conversas à volta da fogueira. Em vez de celebrarem o Natal, comemoram o aniversário do filósofo e ativista político Noam Chomsky. Quando a mãe das crianças morre, a família é obrigada a voltar para a cidade e a confrontar-se com uma realidade crua, com a civilização, diferente dos livros.
“Silêncio”, de Martin Scorsese
Martin Scorsese ficou fora da corrida, mas o filme recebe uma nomeação para Melhor Fotografia, primorosamente retratada por Rodrigo Prieto. Por norma, os trabalhos do realizador geram especulação instantânea de Óscar à vista, mas “Silêncio” é um filme atípico de Scorsese – sobre os caminhos difíceis e enigmáticos da fé – e gerou algum hype não apenas em torno dos Óscares, mas também nos Globos de Ouro.
A produção recai sobre um épico sobre padres jesuítas portugueses, no século XVII. É calmo e contemplativo – opondo-se ao bem-sucedido em nomeações “O Lobo de Wall Street”. Estes dois padres católicos procuram o seu mentor e acabam perseguidos. Baseado no romance homónimo de Shusako Endo (de 1966), este é o relato trágico sobre a perseguição anticatólica no Japão. Conta com Andrew Garfield, Adam Driver e Liam Neeson nos principais papéis.
A produção custou 51 milhões de dólares e foi filmada em Taiwan durante oito meses,abarcando um elenco e uma equipa que atingiram um total de 750 pessoas.
“Ela”, de Paul Verhoeven
Isabelle Rupert recebe a primeira nomeação da sua longa carreira na categoria de Melhor Atriz Principal, com “Ela”. O filme foi bastante aclamado pela crítica internacional. Aliás, nos Globos de Ouro, foi o único outro filme a receber múltiplos prémios – Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz Dramática (Isabelle Rupert). A obra cinematográfica também recebeu o Prémio NOS Melhor Filme Escolha do Público no Lisbon & Estoril Film Festival.
Na produção franco-alemã realizado por Paul Verhoeven, Ela é Michèle, uma mulher poderosa e bem resolvida que se encontra numa posição frágil, mas que lida de forma perturbadora como uma mulher lida com o trauma de violação. Ela persegue o seu agressor resolutamente e os dois acabam arrastados para um jogo particularmente perverso.
“Jackie”, de Pablo Larrain
“Jackie” – protagonizado por Natalie Portman e que concorre na categoria de Melhor Atriz Principal ao Óscar –, trazia grandes promessas. O filme disputa ainda a estatueta nas categorias de Melhor Guarda Roupa e Melhor Banda Sonora. A produção foi selecionada para competir pelo Leão de Ouro no 73º Festival Internacional de Cinema de Veneza.
O seu demorado lançamento nos cinemas não o favoreceu (estreia esta semana, dia 8 de fevereiro, nas salas portuguesas), por ser um filme biográfico anticonvencional. O realizador Pablo Larraín conta já com mais de 30 prémios em carteira.
O filme retrata a vida de Jacqueline Kennedy, a partir do momento em fica viúva e centra-se na entrevista do jornalista Theodore H. White, da revista Life. Reflete a forma como a ex-primeira dama lida com o trauma nos quatro dias posteriores ao assassinato do seu marido, o então presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy. Inicialmente, vista como uma mulher de fragilidade fácil, mostra ao mundo uma força inabalável.
“Loving”, de Jeff Nichols
A produção concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2016 e, nos principais papéis, encontram-se Joel Edgerton e Ruth Negga, que concorre ao Óscar de Melhor Atriz Principal. Aliás, a atriz recebeu o Prémio Satellite de Melhor Atriz no Cinema e o filme recebeu o Prémio Stanley Kramer, do Sindicato de Produtores da América. O filme marca foi ainda bastante apreciado pelos críticos nos festivais de Cannes e Toronto.
“Loving” é um filme de drama marcado pelas cicatrizes da história norte-americana. Dirigido e escrito por Jeff Nichols, a narrativa baseia-se na vida de um casal inter-racial condenado à prisão por se ter casado. Tudo começa quando um homem branco se apaixona por uma mulher negra. É correspondido, e os dois querem oficializar a relação de amor. A história parece banal, mas na Virgínia dos anos 1950 não o era. É um conto sobre o direito de amar e sobre a luta para voltar para casa como uma família.
“Mulheres do Século XX”, de Mike Mills
A possibilidade de vir a ser considerado para o Óscar parecia bastante plausível em outubro passado, quando o filme despontou no Festival de Cinema de Nova Iorque, mas há quem diga que a altura era má. A tragicomédia feminista de Mike Mills perdeu para uma lista de candidatos mais robustos. Até Annette Benning acabou preterida como Melhor Atriz Principal, nomeação que antes lhe parecia destinada com firmeza.
Está é a história de três mulheres – Dorothea Fields (Annette Bening), Abbie (Greta Gerwig) e Julie (Elle Fanning) – que exploram o amor e a liberdade no sul da Califórnia, durante uma época de mudanças culturais e de revolução.

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